Lava-Jato: abandonado, Delcídio pode implodir a República
e mandar o PT e o PMDB pelos ares
Fonte: ucho.info
Se o castelo do senador Delcídio
Amaral (PT-MS) ruiu na última quarta-feira (25), por conta de ação do
Polícia Federal no âmbito da Operação Lava-Jato, o reinado de Renan Calheiros
(PMDB-AL), presidente do Senado Federal, pode estar com os dias contados.
Quando se viu obrigado a presidir
a sessão especial da Casa que decidiu pela manutenção da prisão do então líder
do governo, Calheiros não escondeu seu desconforto com a situação. O mesmo
semblante de contrariedade foi notado no momento do anúncio do resultado da
votação em plenário. Naquele momento, Renan Calheiros sabia que seu calvário
não demoraria a começar, pois Delcídio não permanecerá calado na prisão, até
porque muitos lhe deram as costas na dificuldade.
A questão não é defender Delcídio
Amaral, que foi preso sob a acusação de tentar comprar o silêncio de Nestor
Cerveró, ex-diretor da Petrobras e preso na Lava-Jato, a quem ofereceu também
um plano de fuga, mas analisar os fatos a partir da usina de escândalos em que
se transformou a política nacional. Com 67 parlamentares investigados pelo
Supremo Tribunal Federal, a Lava-Jato é encarada por deputados e senadores como
uma corda bamba esticada sobre o despenhadeiro.
A decisão do PT de não apenas
abandonar Delcídio, mas de criticá-lo duramente em notas assinadas pelo
presidente nacional do partido, Rui Falcão, é prova maior da incapacidade da
cúpula da legenda de lidar com situações que não se limitam a um parlamentar.
No Senado, por exemplo, são alvo da Lava-Jato: Renan Calheiros (PMDB-AL),
Valdir Raupp (PMDB-RO), Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA), Benedito
de Lira (PP-AL), Ciro Nogueira (PP-PI), Gladson Cameli (PP-AC), Humberto Costa
(PT-PE), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lindbergh Farias (PT-PR) e Fernando Collor de
Mello (PTB-AL). Depois da prisão de Delcídio, a Procuradoria-geral da República
pediu a abertura de inquérito para investigar o petista e o senador Jader
Barbalho (PMDB-PA).
Pressionado pela família, em
especial pela esposa Maika, a fazer delação premiada, pois trata-se do caminho
mais curto e rápido para a liberdade provisória (prisão domiciliar), Delcídio
ainda não acenou com essa possibilidade, pois as autoridades ainda não trataram
do assunto, mas o senador deve optar por essa estratégia, mesmo sabendo que não
escapará da condenação. Por enquanto Delcídio tem mandado recados a várias
políticos e autoridades, inclusive para a presidente Dilma Rousseff, que ao
responder as afirmações do ex-líder começa a exibir desespero.
Indignado com o abandono,
Delcídio Amaral sabe muito mais acerca das malandragens palacianas do que os
petistas gostariam. Isso significa que o ainda senador pode implodir a
República com apenas algumas horas de depoimento. Se isso ocorrer, como se
espera, muitos políticos há de cair, começando por Renan Calheiros, com quem o
petista trocou farpas logo após a deflagração da Operação Lava-Jat, em março de
2014.
Em relação à postura covarde do
PT, Rui Falcão parece ignorar o potencial explosivo de Delcídio Amaral, que foi
ao encontro do filho de Cerveró para tratar não dos seus interesses, mas de
alguém com muito poder. Quem ouviu a gravação da reunião entre Delcídio e
Bernardo Cerveró sabe identificar os pontos-chave da conversa.
Pense nisso.
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